terça-feira, 13 de janeiro de 2009

RELAÇÕES DE TRABALHO

Acabou de me acontecer uma coisa estranha. Quando me afastaram da chefia do Esporte Espetacular, em maio de 2007, eu recebi a solidariedade de muitas pessoas do departamento. Várias manifestações de carinho e de apoio. Não só pela pessoa que eu sou mas também por terem visto ou julgado que havia uma grande injustiça na maneira como tudo foi feito.

Mas algumas pessoas que falavam comigo constantemente sumiram. Não disseram nada. Simplesmente "desapareceram"... Confesso que foi difícil pra mim aceitar isso. Me doía muito perceber que durante quase 5 anos alguns falavam com o "chefe" Ricardo e não com a pessoa "Ricardo". Eu sempre ouvia histórias sobre isso mas, inocentemente, não imaginava que pudesse ocorrer comigo. Mas... aconteceu. E eu tive que amadurecer e crescer em cima dessa decepção. E vocês sabem que o crescimento do Bonde muito me ajudou a superar esses momentos, tanto do ponto de vista profissional quanto do emocional...

Mas uma dessas pessoas ficou no meu imaginário. Eu nunca mais a vi. Só no vídeo. Cheguei até a sonhar que estava dizendo pra ela o quanto tudo me doeu, o quanto o silêncio dela me machucou e (no sonho) ela pedia desculpas, lamentava, chorava, etc...

E hoje essa pessoa apareceu na Redação. E veio falar comigo como se fosse a coisa mais normal do mundo. Como se estivesse com saudade daqueles tempos, como se estivesse feliz em me ver bem... Caramba! Na hora em que ela começou a falar, eu fiquei desconcertado. Em poucos segundos, comecei a pensar no que deveria fazer, se deveria mandar a merda, se deveria não falar, se deveria criar uma cena... Mas...a tradicional educação me impediu. Cumprimentei-a. Sem entusiasmo. Mas também sem a indiferença que ela merecia. E ouvi a pergunta: Mas que projeto você vai tocar ? Normalmente, pela minha timidez, pelo meu jeito discreto, eu não diria nada...Mas veio um orgulho ferido, um "aprendizado político" de dizer algo expressivo e respondi na lata: os 40 anos do JN !

A pessoa respondeu - ah, que legal ! e vc vai fazer a diferença como sempre fez.... E ainda me disse que voltaremos a falar. Eu não respondi nada. Apenas sorri. E ela foi embora...

E eu fiquei com pensamentos me martelando a cabeça... sem a concentração devida para o trabalho ( espero recuperá-la já...) e questionando muito: Será que eu amadureci e aprendi a fazer o jogo de cena necessário nessas relações de trabalho ? E será que isso não significa que a minha essência foi mais uma vez dissolvida ?

A vida nos coloca nessas situações conflitantes. Pode ser uma bobagem de quem tem algumas dificuldades de lidar com a dureza das relações humanas... Mas espero refletir e aprender com mais esta. Neste momento, o meu sentimento é de tristeza...

3 comentários:

Bia Prado disse...

Ricardo, vc agiu super bem. Arrogância zero. Foi sincero falando do seu "projeto" e com o que está sentindo. De um jeito bacana.
Não descer o barraco não sgnifica que passou para o outro lado. Ao contrário! Eles são assim.
Vc, além de educado, fez alguma coisa por vc. Não falar nada ia te fazer mto mal tb.
Agora, essas relações de trabalho são mesmo mto complicadas. Têm aqueles em quem confiamos e gostamos. E os outros que nem merecem que a gente sofra e perca tempo com eles.
A verdade é que entre os seus amigos de verdade, e que são muuuuuitos, todos nós te admiramos profundamente como profissional, marido, pai, filho e amigo.
Fica triste não, meu amigo!
Beijos

Anônimo disse...

Meu amor,

essa "pessoa" assim como outras que passam pela nossa vida, além de pequenas e mesquinhas, não têm a menor importância. Você fez bem em agir do seu jeito. Afinal é esse seu jeito que me conquistou e te faz ter verdadeiros e sinceros amigos. Manda a tristeza embora, vem pra nossa casa que estou te esperando com o maior amor e orgulho do mundo !!!

Te amo, mil beijos !!!!

Anônimo disse...

Don, acho que existem certas pessoas e, as vezes, situações que não merecem que ganhemos mais um fio de cabelo branco (ou perca um, no seu caso, heheh). Por outro lado, deixar passar e ficar com algo engasgado por vezes pode nos causar uma aflição grande, uma revolta por não ter reagido no momento que tivemos a “oportunidade”. Além, disso, o que é pior, pode causar (ou fazer aumentar) em nós uma repulsa em relação a tal outra pessoa. Isso é uma injustiça com ela, pois nunca saberá o tamanho da sua divergência ( ou do mal que lhe fez), sendo que muito provavelmente acabara tendo de você um tratamento diferenciado, mesmo desconhecendo o motivo (ou a importância do motivo pra você). Fico sempre com um pé atrás com relação a ficar com um nó na garganta, mas pode ser imaturidade. Você não precisa ser DON (DOM) 24 horas por dia. Forte abraço do Gaúcho.