segunda-feira, 7 de setembro de 2009

O Bonde e a nossa festa de Babette

Dizem que o espírito do Bonde saltou numa estação e não voltou mais... Ficou nas lembranças dos seus passageiros. Tempos de risadas frouxas, palavras de carinho, sementes de amizade, cantorias,praias, jogos, bebedeiras, cinemas, alegria da vida sem compromisso...
Há quem afirme que o Bonde não resistiu a saudade de alguns que ficaram em outras estações, seguiram outras rotas...
Os mais apressados taxaram bombasticamente: O Bonde virou história. Arquivo de texto. Quem sabe até deletado pela rotina que nos endurece, nos massacra, nos afasta...
Mas eu tenho certeza que não... O Bonde está vivo. Rodando no trilho da vida, em linhas tortuosas porém afirmativas, às vezes, distante, outra vezes, perto demais... mas seguindo na direção da próxima estação...
E sabem porquê ? Por que passageiros vão e vem, alguns saltam, muitos chegam e poucos seguem em frente...
O espírito do Bonde não nos abandonou.
Talvez tenha trocado de nome,
Talvez tenha viajado de metrô pelas nossas mentes,
Talvez esteja apenas do nosso lado ou no banco da frente ou no de trás, escondido pela folha de um jornal, pelos óculos escuros de uma manhã ensolarada, ou pela nossa cegueira do cotidiano...
Não importa.
Quem degustou da suavidade das folhas, da delicadeza dos molhos, da magia dos sabores, dos sorrisos, das palavras, das cumplicidades, dos olhares amigos, daquela tarde de sábado, se sentiu mais do que nunca passageiro do Bonde...
Obrigado, Olívia.

Ricardo