segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Para Alexandre e Marcela...

Vocês estão começando uma caminhada. Juntos, com o que tem de melhor: o amor.
E é ele a força que vai levar vocês pela estreita, sinuosa, desafiadora, perigosa e fascinante estrada da vida em comum.
Não vai ser fácil...
Nem será tão difícil assim.
O segredo está na verdade. Nas palavras reveladoras, nos sentimentos pungentes, na cumplicidade do olhar, nos gestos de carinho, nos jogos sedutores.
O perigo está no silêncio. Nas emoções engolidas, nas frases escondidas, nos desejos abafados...

Vocês estão começando numa estrada.
E um caminho para que tudo dê certo é não deixar nada terminar.
É não se cansar de ouvir, nem de falar para o outro...
É eternizar a magia do seduzir nas declarações, nas flores entregues, nos decotes provocantes, na troca de olhares insinuantes...
É saber fazer durar o tempo que estão juntos, mesmo que se afastem para os compromissos do cotidiano...
É saber alongar o sonho que têm em comum, mesmo que haja pesadelos, pausas longas, planos cancelados...
É saber transformar mesmo que seja para voltar ao mesmo lugar, apenas pelo prazer de experimentar, de descobrir, de revelar as intimidades...
Ou saber se transformar para acompanhar as mudanças do outro no tempo, no corpo, nos quereres, nos fazeres, nos rumos...

Vocês estão começando nas nuvens...
E vão descobrir que tudo se resume a entender , a curtir, a respeitar e a valorizar que quando um é sol, o outro pode ser lua...
que quando um é mar, o outro pode ser areia...
que quando um é rápido, o outro pode chegar depois...
que quando um não quer, o outro pode desistir...
e que quando um não quer, pode esperar o outro seguir...
Sem romper o pacto, a emoção, a beleza das cores de um Maracanã lotado, separado e eternamente junto, num dia de Fla-Flu.

Ricardo

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Para Juliana e Clarice...

O amor não tem sexo,
o amor não tem nexo,
deixa perplexo,
porque é simples e complexo...

O amor não é a única resposta,
é perigoso na encosta,
precisa da mesa posta,
se alimenta da força proposta.

O amor não tem barreiras.
Faz jogos, brincadeiras...
É céu azul, verdes palmeiras,
é tempestade, corredeiras,
montanhas e trincheiras.

O amor é sem preconceito,
não precisa ser perfeito,
não se define por conceito...
Vem do peito,
escorre no leito,
deixa o ar rarefeito...

Se, às vezes, é afobado,
não pode ser culpado...
Precisa de cuidado
para ser magicamente explorado...

Iluminado
como um noivado.


Ricardo

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Luís Felipe.

O ano era 1978. Eu tinha 20 anos. Cabelos longos, idéias abusadas e uma vontade de curtir o sol, o posto nove e a vida descompromissada...
Pois foi naquela época que eu tive a primeira sensação de ser pai... Uma bobagem mas um sentimento que foi importante pra mim.
Através de uma amiga da Faculdade, conheci uma família formada pela mãe Denise e os filhos Monica e Luís Felipe... O menino tinha 11 anos. Meio gorducho, meio vesgo... Gostava de praia, não era de estudar, adorava futebol, torcia pelo Flamengo e sentia, como todo menino daquela idade, a ausência do pai. Tinha um olhar triste, um sorriso tímido e uma vontade enorme de agradar...
O Flamengo começava a formar o maior time da sua história. Zico e companhia se preparavam para conquistar o planeta. Eu não perdia um jogo. E Luiz não tinha quem o levasse para o Maracanã... Acabou virando meu companheiro de arquibancada.
Às vezes, nossa distância de quase dez anos crescia e eu me sentia mais velho, responsável por ele, quase pai, dividindo as lições das vitórias e das derrotas... Às vezes, nossa distância se encurtava e éramos apenas irmãos...Brincando, gozando e curtindo as alegrias da juventude...
Me lembro do brilho dos olhos dele descobrindo como a emoção de torcer unia as pessoas... Negros, brancos, pobres, ricos, velhos, jovens, zona sul, zona norte...todos éramos uma só família, uma mesma paixão.
Quando o gol saía, transformávamos aquela energia em esperança, em felicidade, em amizade eterna, mesmo que por alguns segundos...
Não esqueço o primeiro título que o garoto viu na arquibancada. Um gol aos 38 do segundo tempo. Ele abraçava, gritava, deixava de lado as carências da vida, o olhar triste, o sorriso tímido...
Luís também estava comigo no primeiro título nacional do Mengão. Chorávamos juntos na arquibancada. Pai e filho, irmão mais velho e irmão mais novo, parceiro e parceiro...
A vida traçou seus caminhos. Fui morar longe do Rio. Perdi o contato.
Não vi mais o menino e os seus sonhos de criança.
Não soube mais nada do jovem e de seus planos para o futuro.
Não tive nenhuma notícia do homem, das suas realizações, das suas descobertas e dos seus tombos...

Hoje recebi um e-mail da mãe. O menino que dividiu tantas emoções comigo no Maracanã, me fez sentir pai por alguns instantes, irmão mais velho por outros, perdeu o jogo mais difícil da vida dele. Não era hora ainda mas Luís preferiu se despedir...
A arquibancada ficou mais triste para mim.
Espero que num outro estádio, ele seja mais feliz.

Ricardo

domingo, 4 de outubro de 2009

Théo, meu primeiro neto

O guerreiro Théo chegou
e tomou conta
do nosso mundo.
Bochechudo,
gordito,
cabeludíssimo...
Veio do interior
pra conquistar a cidade.
Traz na força do olhar
a gentileza da mãe e
o caráter do pai...
Traz no peito,
a história,
a luta,
a alegria
e a força de quem mexe com a terra,
de quem conhece o canto da cachoeira
e se deslumbra com os mistérios do mato...
O guerreiro Théo chegou
para plantar mais esperança,
mais riso,
mais felicidade,
mais certeza de que é possível envelhecer
sem sentir o tempo,
sem ter medo do futuro...
O guerreiro Théo será nosso cúmplice
na vontade de transformar,
de ficar mais junto,
e de dividir os apertos
e as explosões do coração.

O guerreiro Théo
nunca estará sozinho.
Palavra de avô.

Gustavinho, o aviador

Ele chegou dormindo.
Mas rapidamente veio para o meu colo e...
continuou dormindo!
Aos poucos, despertou.
E mostrou um sorriso, uma alegria,
uma festa, uma vontade de crescer e conquistar o mundo.
A cara é do pai,
a simpatia é da mãe,
a história é dos dois...
E a vida é dos três...
E de nós também...
Afinal, a Bianca entrou em alguma estação do bonde,
depois veio o Zé Colméia...
E agora, o Gustavinho...
Nasceu no dia 13 de junho...
O mesmo dia em que meu pai descansou.
E eu espero que tenham se cruzado no caminho cósmico
e o aviador tenha despertado nele,
a vontade de voar,
a ambição de conquistar o céu,
de viajar pelo mundo como a mãe,
de tentar compreender as equações do planeta como o pai
ou simplesmente,
de fazer a vida mais azul...
Mesmo que seja só na imaginação...
É ela que pavimenta a primeira pista
pra você decolar, Gustavinho.

Ricardo