sexta-feira, 12 de junho de 2009

ENQUANTO AINDA TENHO TEMPO

Minha querida irmã,
Pela primeira vez tomei a iniciativa de escrever para você.
Engraçado, porque já se passaram muitos anos, já passei dos cinqüenta, você também, e praticamente nada falamos a respeito um do outro.
Queria lhe falar que senti muito sua falta.
De você e de quem você seria para mim.
De nossas brigas, de nossas implicâncias, de nossos temores, de nossos segredos.
Sem você, não aprendi a dividir a atenção da família.
Sem você não aprendi a dividir a garrafa de 200 ml de Caçula nem a de 185 ml de Coca Cola.
Sem você, fui aprendendo as coisas da vida, sozinho, sem a sua cumplicidade.
Com você por perto, desde o começo, nem sei que pessoa eu seria hoje.
Tenho certeza, porém, que seria melhor do que sou.
Teria aprendido mais cedo.
Saberia bem mais das mulheres.
Queria também que você soubesse que nunca quis ser gêmeo de ninguém, nem de você.
Sempre gostei da minha independência, do meu livre arbítrio, não queria ninguém, tão igual a mim sofrendo ou me cobrando, por causa de cada coisa diferente que eu fizesse ou pensasse em fazer.
Mas, uma irmã querida, eu queria, bem que eu queria.
E quer saber porque justo hoje resolvi me comunicar com você?
Por causa do Ricardo que ainda quer conversar com o pai, por causa da novidade do Bruno e da Joana e por causa do filme que acabo de ver.
O filme é sobre uma irmã gêmea que vai viajar e na volta não encontra mais o irmão. Na ausência dela, ele havia brigado com os pais e tinha partido.
Ela quase morre, com a ausência dele.
Ela não suporta a ausência dele.
Por causa do filme, lembrei de você e do nosso pai, de quem eu também sinto muita falta.
Com ele eu pude conversar muito. Ele era maravilhoso e cheio de defeitos.
Se você já esteve com ele ou tem tido oportunidade de estar com ele, dê-lhe um abraço muito apertado e um beijo muito carinhoso.
Diga-lhe que continuo cheio de defeitos também.
Diga-lhe que agora escrevo num blog e que gosto muito.
Diga-lhe que continuo amando a Bia e que estamos numa fase ótima.
Que os netos dele, seus sobrinhos Bruno, Juliana e Bárbara, já cresceram e eu continuo a adorá-los.
Que tenho 2 enteados, a Olívia e o Caio. A Olívia ainda não me beija, mas eu digo que sou o pai dela de Ipanema.
E não esqueça de também dizer-lhe que eu e Bia vamos ser avós e ele bisavô, soubemos hoje.
Quanto a nós, irmãos tão distantes, talvez possamos fazer alguma coisa a respeito disso.
E eu ainda longe de você, lembrando de você, vou tentar conversar muito mais com todos os meus amigos de fé, meus irmãos, camaradas.
Não tenha ciúmes, provavelmente me aproximo deles por causa da falta que você me faz.

Beijos carinhosos.

3 comentários:

Bia Prado disse...

Imagino que uma irmã ou um irmão tenha feito muita falta sim. Ter irmãos é bom demais! Mas vc, com esse seu carisma, esse seu jeito maravilhoso de cuidar dos seus amigos, dos seus filhos, dos seus enteados e de mim, é cheio de pessoas que te amam e te admiram demais. Que te escutam e que compartilham com vc o que tem de melhor... a sua alegria, a sua generosidade e tudo o que faz de vc essa figura única e absolutamente necessária na nossa vida!
Te amo!!!
bjs

Anônimo disse...

Sá...

Este é um dos textos mais bonitos que já li aqui na blog. Estou muito emocionado. Fico feliz que possa ter provocado com o texto anterior toda essa emoção...
e, aí, por falar em emoções, como diria o rei, você é amigo de fé, IRMÃO e camarada...
E nunca vai estar sozinho !

abs

Ricardo

Lady Shady disse...

Gente, esses textos do Bonde estão me fazendo chorar...
Lindas mensagens a pessoas tão amadas!
Muitos bjs!