segunda-feira, 8 de junho de 2009

As lições

Meu pai sempre me ensinou a aproveitar as intempéries da vida para tirar lições...Me lembro de que ele sempre me perguntava no início da minha caminhada escolar o que eu tinha errado nas provas, mesmo com as notas boas que eu tirava ( sim, fui CDF ...) , para que eu descobrisse o porquê do erro, para entender o problema e não errar mais...

Meu pai sempre me ensinou a ouvir o outro lado. Quando entrei na faculdade, ficou preocupado com o poder do "ouro de Moscou" e com os " estudantes profissionais" que poderiam levar as minhas boas intenções e os meus sonhos de mudar o mundo para o lado errado. Ou melhor, lado que ele, militar, considerava errado... E aí sempre me dava para ler artigos, textos, críticas, visões diferentes para eu entender o que pensavam as pessoas que não faziam parte da minha turma de autores, colunistas e escritores preferidos...E ele sabia que também era uma forma de aumentar a minha capacidade de pensar e de defender as minhas idéias...

Meu pai sempre me apoiou depois de algumas derrotas na minha carreira profissional. Sempre procurou me ouvir, discutir as minhas razões, questionar as posturas adversas, sempre no sentido de que eu , pelo menos, aprendesse alguma coisa com aquilo tudo que estava acontecendo. E com as palavras certas e gestos de carinho, sempre dava um jeito de levantar a minha cabeça para seguir em frente e dar a volta por cima...

E agora, quando não pode falar mais, meu pai tem me mostrado que há alguma coisa para aprender, mesmo que seja de uma forma muito dolorosa... E uma dessas lições que tenho tirado é a de não repetir um erro da nossa relação. Meu pai sempre ouviu muito da minha vida mas falou pouco da dele. Quantas questões ele errou nas provas e não debateu comigo ? Quantas vezes ele precisou ouvir opiniões diferentes para mudar de idéia e viver melhor ? E quantas vezes ele necessitou de um gesto bacana para seguir em frente e eu não percebi? Não sei a resposta. Sei que também errei. Mas o recado eu já entendi. Para o meu pai, talvez já seja tarde...mas para o meu filho, para a minha quase filha, para a minha mulher e para os meus amigos, ainda há tempo.

Ricardo

7 comentários:

A amiga com que tudo começou... Bia!!! disse...

Ricardo, muito lindo. Você tem nos ensinado muito. Como filho, como pai, como padrasto, como marido, como amigo.
É muito bom ler o que você escreve.
É muito bom escutar suas reflexões.
Perceber seus silêncios. Compartilhar com você seus dias mais felizes. Poder te fazer ficar um pouquinho mais alegre nos dias mais difíceis.
É muito bom fazer parte da sua vida.

Lelê disse...

Ricardo, seu texto é lindo e comovente.

Obrigada por publicá-lo e compartilhá-lo conosco.

Beijos.

Lady Shady disse...

Muito lindo seu texto, Ricardo...
Me emocionou...
bjs

Sá disse...

Ricardo,

Quer um conselho?
Fale com ele.
Fale tudo isso com ele!

P.S.: Lindo texto, ótimos ensinamentos, obrigado por publicá-lo e por compartilhá-lo conosco, como bem disse a Lelê.

Anônimo disse...

Ricardinho,
obrigada por você existir!
Obrigada ao seu querido pai!
Te amo, meu quase pai do coração!

Anônimo disse...

Querido amigo,
Momentos difíceis podem ser momentos preciosos de aprendizado. É isso que você demonstra no seu texto.
Estamos por aqui, viu?
Beijos,
Ana e Sidinho

Anônimo disse...

Ricardo, obrigado por dividir conosco sua imensa grandeza. Sábias as sua palavras. Por favor, fale-as também para ele, sem a preocupação se eles as escutará, entenderá etc. É um privilégio ter encontrado você no meu caminho. Fazer amigo, depois dos trinta anos já é um pouco difícil, encontrar um cara como você é uma bênção. Amigo, um forte abraço e como te disse um dia desses, conte sempre comigo. Gaúcho!